domingo, 26 de fevereiro de 2012

Metonímias do amor



E agora, no fim do dia, faltando 31 minutos para o outro dia,

Vejo que, sem querer, manifestei no instante das 24 horas meu movimento de passagem.

Trafeguei na minha diáspora interna,

Saindo de mim para mim mesmo na tristeza da criança, na confusão do adolescente, na perdição do adulto e na reconstrução da vida.

Trafeguei em minha dor, velejei em minha razão sensível

E descobri minha alegria na fantasia dos mascarados.

Dancei um semba em meu peito, para acelerar a ritmia do meu sentimento.

Fiz festa, fiz poema em prosa, cantei uma música triste

Para lembrar que a alegria é possível mesmo quando o pensamento amarga como jiló.

Viajei no gosto amargo do fim do amor para sentir o sabor doce da esperança...

e é melhor ter saudade do que passou

Do que viver a incerteza de jamais alcançar um verdadeiro amor.

E foi no canto triste da moçada alegre da minha varanda

Que vi seus olhos como vento em meu pensamento.

Lembrei seu sorriso no final do orgasmo

E gozei sozinho entre a dúvida do que seria e a incerteza do fim.

No movimento da minha dispersão interna

Fui negro escravo, senhor fujão, liberto, favelado e emergente.

Senti somente o que os nobres sentem

E caminhei sozinho na lavagem das roupas deixando evacuar a euforia do carnaval.

Guardei o disfarce e, sem camuflagem, lembrei que sempre se reinicia um novo dia...

E durante a passagem de um dia para o outro,

Assim como o tempo, transito dentro de mim mesmo para um novo eu.

Faço a minha diáspora interior, com tudo aquilo evasivo que senti,

Tudo aquilo que marca o fim do horário do verão.

Atraso meu movimento e volto no meu tempo, com mil e uma sinonímias, para perceber, passo a passo, sem agitação, as metonímias do amor, instaladas nas metáforas do meu querer.



Moabe Breno,

24-02-12.