domingo, 11 de dezembro de 2011

Terceiridade da razão


Eu nunca pensei que um dia
A tristeza pudesse me fazer tão feliz quanto a alegria.
E construo um acréscimo de estima por mim mesmo
Embutido de uma certeza que intermedia os objetos e pensamentos que configuram minha imaginação.
Saio do espaço prisioneiro do apego
E penetro na esfera libertária dos próprios sentidos
E completo a minha trilogia,
Construindo a terceiradade da razão.
Interajo comigo mesmo, mediando a certeza, o acaso e a esperança
Findo o medo de ser eu mesmo
E sigo meus passos e propósitos nos intervalos da minha dimensão
Vou plugando figuras de linguagens nos espaço abruptos do cotidiano  
Nas quais o prazer e o gozar são conseqüências de minhas edificações.
Me refaço por inteiro e não deixo que fragmentos do passado
Alimentem o futuro muito menos modifiquem o meu presente.
Passo pelo tempo, no meu tempo
E vejo que muito mais que distante estou próximo da dimensão mais completa do humano.
Ser a cada dia um novo ser, um mutante preso na certeza apenas das possibilidades da mediação,
Um mutante na terceiridade da razão.   

Moabe Breno,
11-12-11.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Ponto de Mutação



Eu quero te deixar respirar
Mas ao mesmo tempo eu quero ser o ar que você respira.
Quero poder expressar em palavras tudo o que eu sinto por você
Mas eu só sei expressar coisas tristes,
Coisas boas eu só sei fazer.
Eu quero lhe falar coisas leves,
Mas me mostro nos vocábulos mais complexos do pensar
Eu quero te deixar correndo no tempo
Mas ao mesmo tempo quero ser o tempo em que você corre
Não importam os meus passos, minhas estradas e caminhos
Você é a verdade do que sinto,
E o mar onde navego, mesmos contra a correnteza, sem medo do onde vou chegar.
Você é o local onde misturo minha dor e minha força
Onde compactuo minha fé e minha razão
Onde me sinto livre para ser de fato quem sou.
Você é o espaço que me liberta das amarras do passado
E me prende na libertação do ego no futuro.
Você é o meu verso da regeneração
O amor todo que carrego
Você é meu ponto de mutação!

Moabe Breno,
08-12-11.



quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Secundidade da razão


Começo tudo de novo.
Não! Começo um caminho novo cuja estrada se escondia em minhas idiossincrasias.
Deixo para traz todos os símbolos demasiados do meu eu carrasco interior.
Rasgo cartas, queimo lembranças, bloqueio pessoas e anulo situações.
Dou um passo à frente, e furo os olhos do passado.
Não me tomes mais como estátua de sal.
Meu gosto, meu sabor, meu saber
Adiciono a receitas suculentas que alimentam a alma.
Descobrir-me, eu mesmo, em meus pensamentos, erros e desejos.
Mato o semideus que habitava em mim
E me entrego ao deus dará,
Ao espaço sensível que trago no peito
E deixo fluir o homem simples que se escondia atrás das encostas da solidão. 
E torno-me homem que chora, que ri, que canta, que desafina, que perde, que ganha.
Encontro, eu mesmo, meu caminho e minhas paixões
E as palavras corretas para construir minha trilogia da razão.
E começo a preencher a casa com sofás, cadeiras, mesas e anseios.
Entro na secundidade da razão.
O presente é o tempo do meu verbo, que se constitui em magia do futuro.
E tudo que é passado está fincado no espaço do vazio.
Pois o passado não tem para mim semioses e nem rima com a verdade.
E começo a traçar meu caminho com os meus próprios pés no chão. No chão da secudidade,
Na busca da mediação entre concretudes e emoção.

Moabe Breno,
19-10-11.



terça-feira, 25 de outubro de 2011

Rimas da mudança


Corre os tempos à quebradiça roliça do funil.
Palavras, palavras, palavras
Como pensamento, como efemeridade
Como um semideus que se abriu.
 Corre a chuva na sexta-feira de primavera,
Tempo feio, vida presa, desespero
Apenas o silêncio que viera.
Em todos os cantos
Se afunilam lembranças, abraços ou solidão,
Em minha casa, se desdobram mudanças, calmaria, projeções... compaixão.
Em algum canto um espaço vazio,
Cheio com a ventania e a monotonia do dia
Em meu peito, pulsação vibrante
Descobertas do ser mutante
E em meio ao silêncio dominante
As rimas chegam sem segredos
Desnudam as aventuras e os desejos
E se misturam à metamorfose extremamente estonteante.
E com a paciência da verdade
E com os mistérios da descoberta
Cria-se um novo mundo,
Na sexta-feira de chuva
Que lava a alma não mais encoberta.

Moabe Breno,
21-10-11

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Primeiridade da razão



Parei de escrever coisas tristes
E começo a penetrar na abstração da maturidade.
Aprendi a dominar a tristeza
E a crescer em minhas dores, enredos e fantasias.
Parei de escrever coisas tristes,
Porque aprendi a metalinguagem da vida,
E as metáforas da inconstância.
Vez em quando, ela passa por mim, ainda assim,
No formato de lembrança
Mas logo desconstruo seu discurso reinventando as semioses do meu sonhar.
Metanarrativamente, vou desnudando-a, a tristeza,
Com a morfologia intencional da consciência.
Destarte, costuro à trilogia peirciana os sintagmas da minha razão,
Para explicar rimas que para tantos não têm explicação.

Maobe Breno
31-08-11


   


quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Adeus à retórica do acaso



As palavras todas hoje me fugiram,
O vazio que tanto busquei, hoje habita minha alma.
E como o assoalho da sala da minha casa vazia
Restam no peito apenas os riscos dos passos errados,
Das formas abruptas de empurrar os móveis
E dos descuidos de deixar a porta aberta para que quem quisesse pudesse entrar.
Os rabiscos como as marcas no peito,
Das amizades falaciosas,
Do amor fracassado pela fugacidade da geração,
E das imprudências do inconsciente em ações e ações em formas esterotipadas que mascaravam minha essência.
Hoje quando as palavras me fugiram, logo elas que nunca me deixam,
Ratifiquei que está na hora de vivenciar outros contextos verbais
E abandonar toda a retórica da minha verborragia abstrata para expressar as mágoas causadas pelas recorrências ao passado.
Hoje, fim do mês, lembrei que o fim do mês vem outra vez.
Chega de lembranças doentias, de esperanças vazias e da retórica do acaso.
Chega da retórica do acaso.
Que venha outro mês outra vez,
Mas desta vez sem desgostos.
Chega de discussões pautadas pelo senso comum classe média,
Pelo mau senso comum da classe média,
Sobre aspectos que passam longe, longe, de sua compreensão.
Chega de amar bundas e corpos sarados,
Chega de amar o senso comum da arrogância.
Adeus à retórica do acaso,
Às narrativas insanas para mudar o que não tem sentido, o que não tem mais jeito.
Chega de discutir o mundo com quem não deixa espaço para a sensatez.
Adeus à retórica do acaso,
Ao continuo abstrato como os buracos da rua,
Que se calam com borras de asfalto.
Adeus à retórica do acaso.
Adeus.
Moabe Breno,
31-07-11.      

 

terça-feira, 5 de julho de 2011

Férias


Hoje eu deixei o trabalho e parei para pensar em mim.
Deixei minha alma gritar exatamente o queria.
E apenas o silêncio preencheu minha audição.
Escutei a dor, a solidão, vi a mágoa em carne viva na voz do meu silêncio.
Senti bastante intenso meus tímpanos pulsarem,
Com o grito mudo do meu amor.
Hoje senti na minha alma o gosto amargo da tristeza.
O gosto forte, tenso e turbulento do abandono
Do desengano e da rejeição.
Nada que faço, nada que busco, nada que sacode minha mente
Me traz alegrias verdadeiras e me veste com as cores da felicidade.
Cores que já estão desbotadas na plenitude do meu tempo
E que nem mais brilham com a luz do sol.
Sinto tanto a tristeza dentro em mim,
Forte como a força de um vulcão que queima tudo e destrói tudo por onde passa.
Hoje quando deixei o trabalho de lado,
Vi que as premissas que aplico para explicar o mundo, revelam as sensações e percepções do meu âmago.
Do meu âmago vazio que não mais tem opções para preferir.
As marcas que abalaram o inconsciente da evasiva criança dentro de mim
Solidificaram um homem sôfrego, louco pela profundidade de coisas que não existem.
Das profundidades dos sentimentos que me perturbam,
Porque são frutos de minha criação.
Não sei o porquê, mas hoje deixei o trabalho e voltei para o ambiente lúgubre do meu sentir.

Moabe Breno,
27-06-11.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Versos de tesão



Gosto de sentir seu corpo se aproximando do meu
De sentir seu sussurro em meus ouvidos,
E de misturar meus lábios nos seus. 
Gosto de sentir sua língua passando em meu peito,
Descendo em minha virilha e roçando em meu pau.
Gosto sim de sentir você subindo em mim,
Gosto de desejar suas nádegas batendo em minhas pernas
No descer e subir do seu desejo.
Gosto mais ainda de adentrar entre suas pernas
E de fazer pingar minha essência em seu corpo
Como suor, como tesão, como amor...
Gosto de me confundir com você em meus delírios textuais.
Gosto de me ver dentro de você
E de roçar a minha língua na sua, enquanto entro ferozmente em sua alma, em seu corpo, em seu íntimo.
Gosto de pensar na força louca que nos atrai
E que nos liga pelo avesso da distância, do tempo, das palavras e dos espaços.
Gosto de olhar seu olhar para mim,
Seu olhar de ressaca me pedindo mais, me pedindo mais, me pedindo mais...
Gosto sim... de passar minha língua na sua,
De descer por suas costas,
De te deixar na loucura me pedindo para entrar.
Para ficar, para te estimular, te penetrar...
Para te matar com meus versos cheios de tesão.    

Moabe Breno,
27-06-11.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Concretudes da emoção


Eu gosto do amor.
E gosto das coisas boas que ele tem para oferecer.
Gosto de acordar cedo pensando nas possibilidades de encontro,
Gosto de esperar ansioso pela ligação, por um toque e por um beijo.
Gosto da dimensão evasiva da vontade do outro
E da distração notória quando ele chega no pensamento e se aloja no coração.
Gosto mesmo do sentir, do sonhar, da dor e da saudade.
Gosto de ser cafona, careta, de escrever versos ridículos
E de dar bandeira quando é lua cheia.
Gosto até da dor que traz o amor ausente
A dor que inspira versos tristes, cheios de palavras incoerentes
E que explode em gritos agressivos que assustam os tímpanos,  
Para dizer que é o vazio que preenche o peito quando o amor se vai.
Gosto da amargura insana da vingança,
E da raiva feroz que amedronta apenas pelas expressões faciais.
Mas... gosto, indubitavelmente, da superação do amor,
Da vaidade inusitada de horas e horas no espelho,
De falar bonito para impressionar; e de fazer piadas para ver o sorriso do outro no fundo do olhar.
Gosto de falar poemas do passado,
De cantar músicas consagradas e de falar em Deus quando tudo está perdido.
Gosto de chorar, de sofrer e de crescer quando o amor começa a doer
Gosto de fazer rimas inusitadas somente para escrever complexo que o amor é simples.
Gosto mesmo do amor,
Gosto mesmo de amar.
 O amor enobrece, engrandece a alma e nos cerca com tudo que é sagrado e produtivo.
O amor constrói e humaniza aquele que o permite evadir.
O amor amplia nossas razões e nos fortalece como ser sensível,
De ser capaz de enfrentar o mundo para emanar as concretudes da emoção.

Moabe Breno,
31-05-11.   

terça-feira, 24 de maio de 2011

Encostas da imensidão

Quando jamais puder cantar a esperança,
Quando não mais tiver força para vencer a desavença
Olhe para dentro, olhe para onde está a sua mente
Olhe o entorno e do fundo de tua alma grite as astúcias da vida
Mesmo que sejam astúcias da efemeridade da vida.
Grite a cor forte dos teus olhos, derramando em cálices fúnebres suas tristezas e seus sentimentos perversos.
Derrame nos cálices funestos do cotidiano as desmedidas do acaso, sem verdades, sem vaidades, sem convicções...  
E deixe transbordar todas as coisas da imperfeição do seu pensar.
Quando jamais puder gritar ao mundo que ainda há amor
Quando não mais puder falar em gratidão
Olhe para frente e avance ferozmente em tudo aquilo que lhe reprime, que lhe comprime, que lhe oprime, que lhe desfaz.
Siga abruptamente em todas as direções do tempo de espera
Do tempo soturno mal vivido nas amarras do inconsciente
Do tempo cansado mal criado e dilacerado pelas inconstâncias do tempo.
Destrua o que lhe destrói dentro de você,
Sem pena, sem piedade, sem compaixão
Sem pensar nem mesmo nas inconstâncias da ingratidão e nas discórdias de outrora plantadas por mãos secas no caminho por onde passas.
Passe firme, amasse a devassa força da vingança  
Em rumores sagazes da concretude nas abstrações da estupidez
Siga em frente em tua intuição, em tua força contundente da emoção
E em teu mais sincero pensamento de emancipação.
Siga em todas as suas dimensões,
Libere seus desejos, fortaleça tua alma
Sem medo de concordâncias e de coerências textuais
Absorva em si tudo aquilo que lhe faz forte, tudo aquilo que lhe faz homem,
Tudo aquilo que lhe solidifica nas ladeiras escorregadias lacrimejadas pelas águas das intempéries humanas,
Abstraia em si tudo aquilo que se reflete em tuas íris molhadas pela dor da incompreensão,
E construa em teu penar as encostas da imensidão.
Moabe Breno,
17-05-11.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Após a última tentativa


Depois de tanto pensar, correr, chorar, gritar,
Entendo, após a última tentativa,
Que o que guardo no peito é a mais profunda amplidão do amor e da caridade.
O amor que é sereno, não severo.
O amor que transforma, enriquece a alma e ornamento o mundo e o entorno,
Com hastes festejantes em alegrias, naturalidade, humanidade, respeito e compreensão.
Após a última tentativa e a despedida vazia,
Ficam as razões de quem ama
Fica a calmaria no peio enriquecido que dissipa emoção positiva
E se desfaz da raiva, do rancor, da vingança e da traição.
Após a última tentativa,
Vi que o amor é poder de transformação,
O amor cura o que se sente leviano,
Lava a alma e vê o passo a passo do dia a dia como uma contínua construção.
Após a última tentativa,
Vão-se as amarras da paixão e ficam apenas as recordações líricas.
Enche-se o peito de quem se engrandece ao abrir as portas para o real,
Para as concretudes da emoção.
Quem ama, ama!
O amor é de fato intransitivo
E em meio aos complementos labirínticos
Passam as angustias do tempo,
E em passos lentos, sôfregos, abstratos e reflexivos,
A razão de quem ama absorve as idiossincrasias do presente
E as convergem em virtualizações do futuro. E então, o ser evolui!
Após a última tentativa...
Vence quem transforma o sentimento em evolução.

Moabe Breno,
15-05-11.     

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Abstrações da maturidade




Era apenas uma criança.
Olhos de homem, pegada de homem, sexo de homem...
Tinha barba e sua barba arranhava.
Mas era apenas uma criança.
Traçava as teorias do mundo facilmente,
Decodifica a política e a economia com a razão da semiologia.
Mas, no íntimo, era apenas uma criança.
O calundu era a forma de conquista,
E a mal-criação era para chamar a atenção.
Não guardava mágoas, nem rancor.
Não entendia o ódio.
Guardava em seu campo afetivo a pureza da inocência.
Sentia dor, chorava, tinha medo do escuro.
Era uma criança de olhos tristes,
Travesso sim!
Lá dentro de si, era apenas uma criança órfã.
De alma pura, coração leve, fazia o que o inconsciente dizia.
Ninguém o compreendia. Ninguém queria, nem podia.
Era ainda uma criança aos 35,
Calçava os sapatos que comprimiam seus sentidos
E em meio às metáforas, hipérboles e metonímias de seus discursos,
Esforçava-se a compreender o mundo de um modo abrupto e severo.
Imprimia seus impulsos infantis na voz e braços fortes de adulto,
No grito agressivo do homem sofrido,
E na fragilidade angustiada de pessoa sensível.
Era mesmo um homem abstrato!
Cujo inconsciente o fazia sofrer, chorar, gritar...
Sentia o mundo de um modo tão genuíno e tão peculiar
Que suas sensações serviram de arma para os sacanas que quiseram lhe magoar. E magoaram.  
Era mesmo uma criança na capa de um homem que a vida toda se negligenciou.
Era, em síntese, uma criança, que encarou sua dor quando entendeu a rima rica com o amor.
Era, de fato, uma criança que na abstração da maturidade, perdeu o medo de se expor.

Moabe Breno,
08-05-11.




terça-feira, 12 de abril de 2011

Figura de linguagem



 
Escrevo não por fraqueza nem para arrancar piedade.
Escrevo para exaurir o que sei, o que sinto, o que penso.
Escrevo para afadigar o que me invade nas noites de porquês.
Escrevo para preencher os espaços que me faltam
E desvendar meus mistérios e segredos.
Escrevo às vezes para expressar a dor,
Na inusitada rima de ser quem sou.
Escrevo para romper o orgulho, o ódio, a raiva.
Para dispensar os rancores, as ausências e tudo aquilo que me induz a chorar.
Escrevo porque tenho luz própria para me enxergar
E deixar quem quiser pensar o que quiser.
Escrevo para traçar meus caminhos com palavras e deixar rastros do acaso.
Escrevo por que sou homem,
E todo homem é uma figura de linguagem. 

Moabe Breno,
12-04-11.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Psicanálise



Nos momentos da desconstrução somos todos loucos a procura de um motivo.
Um motivo qualquer que nos tire da mesmice, que revele outras faces e que nos mostre as luzes dos caminhos.
Nos momentos da desconstrução somos nós mesmos nossa própria cruz.
Sofremos, roemos, sangramos e desmascaramos a nós mesmos em uma forma tão descompassada que não percebemos que estamos exaurindo nossas indefinições.
Se somos loucos pela ardência e pela incongruência, também não somos mais que ousadia em plena efervescência da vida.
Se somos loucos, apenas loucos, não passamos desapercebidos e somente depois da exaustão, do peso forte ou leve do sentir, depois de tudo, podemos apreender os nossos sentidos, as nossas mais profundas idiossincrasias.
Sentidos e idiossincrasias camuflados em fantasmas que se alojam lá no ego, às vezes fruto dos superegos,
Frutos de tudo aquilo que passamos, que passamos... que apenas passamos!
Mas é preciso mastigar a indignação e corroer o pensamento metamórfico que ressoa na indigestão dos fatos.
Os fatos! São os fatos que compõem a vida e a vida é uma sucessão de fatos. Por isso a cada dia temos um novo e às vezes surpreendente dia.
E todo dia é dia de Maria. De Maria, de João, de fantasia, de tudo que não passa de insônia no vai e vem da irreverência, da rebeldia, da descoberta do próprio ser.
De tudo aquilo de fato que nos faz ser quem somos: João ou Maria sem máscaras, sem alucinação. João ou Maria, sem precisar de constatação.
Moabe Breno,
15-03-11.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Alinhamento



A lua se alinhou ao sol
Na concepção de um instante
E corações bateram
Na vibração efervescida do verão.
Era noite,
E o sol brilhava lá do fundo da tua alma
Chovia amor em meu sertão 
E um turbilhão de sonhos invadiu meu coração,
Enobrecendo minha ritmia.
Quando a lua se alinhou ao sol,
No passe mágico de um olhar,
Senti uma força torrencial.
Era água de março umedecendo minha solidão
Era lua nova
Como era novo aquele sabor
Que iluminava o eclipse em minha alma
Pra fazer brilhar as noites do seu sertão
Quando a lua se alinhou ao sol
Lançou a força da maré de março em meu peito
E fez chover amor
No calor do seu sertão
Sertão de faltas, sertão de sonhos
De ser tão distante
Mas próximo na minha evasão
Sertão de ser tão bela
A certeza da minha paixão
De que a lua se alinhou ao sol
Para fazer chover em seu pranto
Toda a minha emoção. 


"Este texto é para a melhor pessoa que conheci no mundo e agora está em outro plano. Fica bem, fica sempre em paz".

Coração branco e azul


De branco e azul,
Em um piscar de olhos
Virou meu céu.
Viajei pelo tempo de um beijo,
Aonde ninguém mais poderá chegar.
Senti profundo o seu sabor
Pela força do teu olhar
E pelo gosto da tua alma.
Sem metáforas, percebi meu encantamento
Na profundeza límpida da tua existência.
Quando te encontrei de branco e azul
Não parecia noite,
E você era um sonho
Que dançava em minha mente,
Ao som percussivo das estrelas.
Encheu minha vida de paz,
Trouxe ternura e alegria ao meu olhar.
Trouxe pureza, verdade e emoção ao meu penar.
Trouxe um mundo para dentro de mim
Pulsando nas ruas do meu pensamento
No toque acelerado das batidas
Do meu coração branco e azul,
Onde você se configura como o firmamento.
Madrugada de quarta-feira de Carnaval
2008. Quarta-feira de azul e branco.
Moabe Breno.

“Para a melhor pessoa que conheci no mundo.
 Fica bem, fica sempre em paz”.




Uma ode à desconstrução!


Cansei, literalmente cansei! Estou farto de toda a parafernália cartesiana que nos faz pensar ser gente pensante – ‘intelectuante’. Estou mesmo farto das posturas e pensamentos politicamente corretos que se dizem autênticos e são iguais. Cansei da voz antipática da Mariza Monte, gritando o gosto ordinário da burguesia patética que quer pontuar o bom gosto. Cansei principalmente dos intelectualoides arrogantes, que se dizem popular e avessos ao capital e comem no restaurante aquilo. Aquilo tudo que a indústria lhes oferece e lhes faz babacas.
Cansei dos comentários patéticos e repetitivos sobre a novela, sobre o arrocha e sobre a beleza. Cansei da teoria acadêmica da desconstrução na qual tudo vale a pena desde que não interfira no bolso de quem a propaga. Cansei desse negócio abstrato e falacioso de que o belo é relativo. É nada! Quem quer ser gordo? Quem quer ser barrigudo? Quem quer ser mal vestido? Quem não quer ser notado e elogiado? Chega de palhaçada.
Cansei da liberdade sexual. Quero sapatões parindo times de futebol, em partos cesarianos, para não sentirem dor, e veados fazendo filhos em todas as putas que puderem pagar. Quero a discriminação racial como ela é: sacana, perversa, totalitária, separatista e mesquinha. Ah! Chega de fingir que aceitamos os diferentes e só nos misturamos aos iguais.
Chega da política totalitária dos carros do ano. Quero IPVA alto, pra pobre só comprar carro usado ou andar de coletivos lotados. Chega da ditadura dos automóveis com suas estéticas brilhantes e prateadas, reluzindo o cinza blue do céu do Brasil baronil. Chega! Vamos rabiscar os carros, arranhar até trocar de cor, até agonizarmos e entendermos que não somos diferentes dos que criticamos.
Cansei também das ironias inteligentes, dos idiotas de plantão que discutem política e têm um jeitinho brasileiro de pagarem suas dividas. 
Cansei de achar graça da Ivete Sangalo, e dos babacas intelectuais que a chamam autêntica. Que mediocridade! Botam Ivete no lugar de povão e a fazem de palhaça, como o povo é.
Cansei das teorias partidárias. Quero misturar Freud com Nelson Piquet, Mandela com Bush, Platão com Psirico e Sócrates com Maddona. Cansei de discutir o preço de gasolina e de comer arroz integral pra ser pulsante.  Quero misturar veadagem com religião, putaria com indignação e normatização com liberdade.
Cansei de ver a elite intelectual bêbada ao som do Aviões do Forró, porque que não entende música clássica e não pode considerá-la diversão. Chega gente, de cultuar o que não entende! Vamos desconstruir!!!
Cansei desse povinho cartesiano, rococó, retrógrado e imbecil.
Só não cansei da Daniela Mercury, porque é a rainha do axé e axé é a construção mais escrachada que se pode ter sobre as determinações intelectuais.
Acabei!
  
Moabe Breno,
27-06-09.
      

sexta-feira, 11 de março de 2011

Ecos soturnos da desconstrução



A cada texto, a tentativa de extorquir do sofrimento um pedaço de alegria.
A cada texto uma nova versão daquilo perverso dentro do peito
Escondido nas figuras de linguagem que compõem o estilo literário.
A cada texto uma nova forma de encarar a dor
E o apego ao que não tem mais jeito.
A cada texto uma busca inusitada pelo próprio eu,
Despejada nas metáforas de um sentido metalingüístico, solitário e acústico,
Que muitas vezes se confunde na confusão típica do gênero.
Há em cada texto uma predeterminação à fuga do possível
E um mergulho na sofreguidão da vida e na desaceleração do tempo.
Há, em cada texto, uma gota de sangue que escoa do peito
Ainda machucado pela força sagaz da imaturidade e pelo oportunismo sarcástico da mediocridade
Há, em cada texto, uma revolta, uma ironia, uma mancha causada pela distorção da dor.
Há sim, em cada texto, uma loucura complacente que nunca se rompe,
Mas que sente a dor de cada facada provocada pela constância do desamor.
 Há, em cada texto, uma tentativa de fuga,
A busca pela cartase,
A busca pela libertação do eu.
Há, em cada texto, ecos soturnos da desconstrução.

Moabe Breno,
09-03-11.


Afasia


Sem sentido, sem sentir, sem senso
Sem ser o que nunca fora antes
Sem optar pelo que pode ser distante
Sem saber o que passou e sem encontrar o que restou
Sem espaços, cem lacunas
Sem absorções, sem devaneio, sem compreensão
Sem rumo, sem fantasia, sem direção
Cem façanhas, cem falácias, sem exatidão
Sem sinônimos, sem ordem, sem semânticas
Sem contextos, sem metáforas, sem discursos
Palavras, palavras, palavras...
Cem palavras para expressar o sem sentido, o sem semântica, o sem amor.
Palavras, palavras, palavras...
Nem palavras podem expressar o que ficou.

Moabe Breno,
09-03-11.