quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Adeus à retórica do acaso



As palavras todas hoje me fugiram,
O vazio que tanto busquei, hoje habita minha alma.
E como o assoalho da sala da minha casa vazia
Restam no peito apenas os riscos dos passos errados,
Das formas abruptas de empurrar os móveis
E dos descuidos de deixar a porta aberta para que quem quisesse pudesse entrar.
Os rabiscos como as marcas no peito,
Das amizades falaciosas,
Do amor fracassado pela fugacidade da geração,
E das imprudências do inconsciente em ações e ações em formas esterotipadas que mascaravam minha essência.
Hoje quando as palavras me fugiram, logo elas que nunca me deixam,
Ratifiquei que está na hora de vivenciar outros contextos verbais
E abandonar toda a retórica da minha verborragia abstrata para expressar as mágoas causadas pelas recorrências ao passado.
Hoje, fim do mês, lembrei que o fim do mês vem outra vez.
Chega de lembranças doentias, de esperanças vazias e da retórica do acaso.
Chega da retórica do acaso.
Que venha outro mês outra vez,
Mas desta vez sem desgostos.
Chega de discussões pautadas pelo senso comum classe média,
Pelo mau senso comum da classe média,
Sobre aspectos que passam longe, longe, de sua compreensão.
Chega de amar bundas e corpos sarados,
Chega de amar o senso comum da arrogância.
Adeus à retórica do acaso,
Às narrativas insanas para mudar o que não tem sentido, o que não tem mais jeito.
Chega de discutir o mundo com quem não deixa espaço para a sensatez.
Adeus à retórica do acaso,
Ao continuo abstrato como os buracos da rua,
Que se calam com borras de asfalto.
Adeus à retórica do acaso.
Adeus.
Moabe Breno,
31-07-11.      

 

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