terça-feira, 24 de maio de 2011

Encostas da imensidão

Quando jamais puder cantar a esperança,
Quando não mais tiver força para vencer a desavença
Olhe para dentro, olhe para onde está a sua mente
Olhe o entorno e do fundo de tua alma grite as astúcias da vida
Mesmo que sejam astúcias da efemeridade da vida.
Grite a cor forte dos teus olhos, derramando em cálices fúnebres suas tristezas e seus sentimentos perversos.
Derrame nos cálices funestos do cotidiano as desmedidas do acaso, sem verdades, sem vaidades, sem convicções...  
E deixe transbordar todas as coisas da imperfeição do seu pensar.
Quando jamais puder gritar ao mundo que ainda há amor
Quando não mais puder falar em gratidão
Olhe para frente e avance ferozmente em tudo aquilo que lhe reprime, que lhe comprime, que lhe oprime, que lhe desfaz.
Siga abruptamente em todas as direções do tempo de espera
Do tempo soturno mal vivido nas amarras do inconsciente
Do tempo cansado mal criado e dilacerado pelas inconstâncias do tempo.
Destrua o que lhe destrói dentro de você,
Sem pena, sem piedade, sem compaixão
Sem pensar nem mesmo nas inconstâncias da ingratidão e nas discórdias de outrora plantadas por mãos secas no caminho por onde passas.
Passe firme, amasse a devassa força da vingança  
Em rumores sagazes da concretude nas abstrações da estupidez
Siga em frente em tua intuição, em tua força contundente da emoção
E em teu mais sincero pensamento de emancipação.
Siga em todas as suas dimensões,
Libere seus desejos, fortaleça tua alma
Sem medo de concordâncias e de coerências textuais
Absorva em si tudo aquilo que lhe faz forte, tudo aquilo que lhe faz homem,
Tudo aquilo que lhe solidifica nas ladeiras escorregadias lacrimejadas pelas águas das intempéries humanas,
Abstraia em si tudo aquilo que se reflete em tuas íris molhadas pela dor da incompreensão,
E construa em teu penar as encostas da imensidão.
Moabe Breno,
17-05-11.

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