quinta-feira, 13 de junho de 2013

Percepção


 

Eu ouço o que seus olhos dizem quando se deparam com os meus.

E sinto o que seu corpo fala na congruência dos pensamentos seus.

Degusto cada palavra sua, com o veneno que entorpece suas negações...

E faço dos seus ‘nãos’ rimas ricas com os desejos meus.

Vejo seu olhar sorrateiro, tímido e acuado para não enfrentar a libido que nos une.

E prendo seu medo a minhas idiossincrasias para te deixar na dúvida do por onde quero trafegar.

Visto minha roupa mais pretensiosa para te impressionar,

E até componho um verso metalinguístico para te embaralhar.

Tomo para mim, a certeza do seu medo e me vejo em você no limiar dos nossos anseios.

Deixo sua concupiscência me percorrer em simbioses do querer

E te trago como figura de linguagem, camuflando mensagens subliminares na guerra fria da conquista.

Dou-lhe uma certeza, para lhe arrancar as imprecisões

Viajo sem pudor na imensidão dos seus beijos, dos seus lábios molhados roçando os lábios meus.

Ultrapasso os limites cognitivos do superego,

Com instâncias cínicas de quem apenas quer um pedaço do seu dia.

Na percepção do antagonismo que nos prende,

Faço do meu corpo, psicanálise,

Para derramar toda a sua catarse

Na melancolia de uma força medonha chamada poesia.

 

Moabe Breno,

12-06-13.

 

 

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