sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Dissertação do então



Das coisas incertas da vida, a mais, então, é o amor.
Aquele que pega de surpresa, descontrói verdades,
Rompe fronteiras e evidencia o abismo.
Não seria amor se não tivesse tensão, rupturas, medos, temores e aproximação.
Não poderia ser amor sem o lado sôfrego da alma
Muito menos sem os momentos soturnos, que somente o tempo do desamor propõe.
Um espaço ambíguo entre o querer e o não poder e a incongruência dos anseios.
E o sentimento vai corroendo o pensamento, destroçando as razões,
Dissimulado culpas, proteções, figuras de linguagens dotadas de milhões de intenções.
E são todas as mesmas intenções.
As intenções que incomodam o pensamento, violentam o espírito e aniquilam a compaixão.
São momentos frágeis, de entusiasmos, de amizades e de sofreguidão.
Assim é o amor no tempo do perdido, no descompasso da vida...
E nas disritmias das canções que expurgam a razão sensível
No atordoado compasso amargo entre o sim e o não.
E no limiar de outrora, no peito de quem sente, no passo do movente e na angústia de quem chega.
Apenas a intensidade amarga da saudade pode mensurar a incerteza do covarde.
Em todas as nuances abstratas e nas rimas inexatas da dissertação do então.
Do então momento oculto da expressão do amor,
Manifesta na nebulosa imensidão da troca do olhar desmedido,
 Na certeza de momentos sutis de buscar o sim e, não, o não.

Moabe Breno,
15/08/2014.






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