terça-feira, 23 de abril de 2013

Metástase do sonhar


 
E a cada nuance das percepções cotidianas,

O universo interno vai se esvaindo em fragmentações dos sonhos, do lúdico do passional.

E o ser, o próprio ser, vai se esvaindo em sofreguidões lúgubres,

Construindo soturnamente as razões da cidadania,

Num esforço inútil de fugir da evasiva e fugaz vivacidade do seu tempo.

São perturbações da mente, incoerências do querer,

São quereres sem objetos, expressões abstratas do nada.

O nada talvez seja o único conteúdo simbólico do que se passa no peito,

E nas constatações do louco que se dedica às semioses da pisque do hodierno.

Não há sentidos, não há motivos, não há constatações.

Apenas teorias evasivas de rumores virtuais do senso comum

Edificam atitudes amorais que sustentam a pequeneza humana.

Há muito mais seres fugidios, perdidos em seus próprios mecanismos da medianidade, que sensações.

Há apenas elucubrações do engano, desfazeres e fazeres fundamentados na psicologia do efêmero.

Em cada nuance das percepções cotidianas há apenas metástases da própria percepção.

O ódio não há mais.

O terror já não abomina.

E o sofrer é apenas sensação de outrora.

Nada fundamente nada.

É o tempo da falta de afago, do sem memória do sem paixão.

Nem mesmo o medo do inferno é capaz de mobilizar se quer um pecador.

Mas qual pecador?

Somos seres inanimados, presos em construtos concretos do fugaz...

E a cada nuance das percepções cotidianas,

Há apenas a metástase do sonhar.

Moabe Breno,

23-04-13.

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