quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Vanguarda niilista

 

Às vezes paro para analisar as coisas que gosto;

E me pergunto se eu gosto porque são boas,

Ou se são boas, por que eu gosto.

Mas o que me estranha é quando um estranho a mim

Tenta provar para mim, que o que eu gosto não é bom.

Ou não é tão bom assim.

Me estranha o fato de acusarem-me cabeça dura,

Quando querem desmistificar o meu mito, o meu gosto, a minha subjetividade;

Me estranha quando querem transformar o meu poder de discussão em inflexibilidade.

Tudo que tenho é apenas o que é o meu.

Gostar das coisas que se gosta, pensar nas coisas que se pensa

É mergulhar no mundo próprio, é construir a própria história.

Me deixem gostar, idolatrar, amar,

Me deixem curtir um som dos anos 30, uma canção banal da modernidade e idolatrar a música visceral do meu estado de Bahia.

Me deixem equivocado em meus erros do amor,

E ao meu amor ao que se acabou.

Me deixem como um cachorro otário

Tomar café nas madrugadas,

Correndo atrás dos carros que já passaram

Me deixem Lupicínio, Cazuza, Raul ou Daniela.

Me deixem!

E também me estranha a hegemonia do senso comum,

Me fazendo crer em projetos para mim absurdos,

Mas entendo a necessidade do comum

Em tentar minimizar o que vejo fora da semiosfera hegemônica.

Entendo a escuridão dos olhos seus,

Mas não queira ofuscar minha visão com a chama do seu candeeiro,

Essa luz que alegra a medianidade da massa.

Me deixem gostar daquilo que gosto,

Das metáforas, semioses, metonímias, das angustias, das lamentações,

Das poesias em prosa que eu mesmo escrevo

Para perceber o que sinto, o que sei, o que me deixa eu.

Queimem suas verdades com suas arrogâncias pré-moldadas,

E me deixem me pintar com as cores do meu pensamento.

Fora com seus equívocos apreendidos em ideologias ultrapassadas que configuram cenários da burrice.

Fora com as certezas ribeirinhas do debate e as carências que se escondem nas riquezas da pobreza,

Fora com os desejos reprimidos da zona rural por uma hegemonia que a quer tradição,

Me deixem fora das mudanças sufocadas pelas necessidades abruptas do sistema.

Me deixem avançar com minha vanguarda niilista,

Mas me deixem avançar e me pintar com as cores do meu pensamento!

 

Moabe Breno,

07-11-2012.

    

 

 

 

 

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