quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Passado cadente



Hoje é um daqueles dias em que bate uma vontade de nem sei.
As coisas passam desapercebidamente
E a lembrança é uma válvula afiada em meio ao turbilhão de temas cotidianos.
Os espaços do passado retomam ao peito com formatos diversos
Em sistemas, convicções, confabulações e elaborações poéticas.
As sínteses se aproximam no formato muitas vezes de ‘porque’;
E a busca inacabada por responder o que está dentro de si
Torna-se um sintoma apático da solidão.
Hoje sim,  é um daqueles dias em que bate uma vontade de nem sei.
Mas nem sei o que?
Lamentar o que se foi como estrela cadente
Que o apreciador insiste em fazer um pedido quando a vê perdendo a razão de ser
Em seu movimento progressivo de despencada?
Mas é possível fazer um pedido àquilo que não mais tem brilho?
Então o passado se é passado é uma estrela cadente.
E qual o efeito em se fazer um pedido ao passado cadente?  
Retomar o fel no hálito do lírico abandoando?
Atirar no ridículo que passou para destruir os sintomas da arrogância?
Talvez seja só mais uma forma do ‘nem sei’.
Mas o nem sei é vontade de incerteza.
E a incerteza, me parece, é apenas pretensão alucinógena
De quem insiste em mergulhar no passado cadente.    
 Moabe Breno,
11-11-10.

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