segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Texto conjugal



Te quero!
Te quero sim. E te quero bem bacaaana!
Te quero conquistar com a certeza do acaso
E com as expressões mais banais do cotidiano.
Te levar para tomar um sorvete na Ribeira
E banho de mar, logo cedo, no Porto da Barra
Para não queimar sua ‘baianice’ ariana
Nem desvendar sua pureza machadiana.
Te quero encantar com a franqueza sagrada dos meus versos metalingüísticos,  
E com os segredos mais profanos do meu samba e raiz.
Te quero rezando, te quero dançando, sorrindo e chorando.
Ah! Te quero.
Te quero sim. E te quero bem bacana!
Quero te levar para o trabalho,
Falar teorias pós-modernas para penetrar em tuas vaidades
E contar casos engraçados para ver nos teus olhos tua gargalhada ‘insinuosa’.
Quero desmistificar as tuas certezas e deixá-las pelo avesso
Navegar na tua ânsia de futuro e te acalmar com meu calor presente.
Te quero!
E te quero também desvendando minhas palavras
E viajando no meu vocabulário denso e desgastado dos sintagmas inseguros do passado.
Te quero sem promessas, sem verdades, sem excessos e sem ‘pra sempre’.
Te quero transitivamente como complemento corporal direto.
E as palavras, palavras e palavras¿
Que desnudem nossos passos, compassos e amassos
Em um texto atemporal, mas conjugal.

Moabe Breno,
28-10-10.     

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