quarta-feira, 2 de março de 2011

semiótica interior


Em um andamento corriqueiro e cotidiano
Vi as coisas saírem lentamente do lugar
A cada passo, a cada susto, a cada pulo
Uma nova forma de ver o mundo, de ver a vida
Passei a ver a vida como uma ostra
Fechado em um universo escuro, gosmento e mutante
E assim, no escuro do meu pensamento
Peguei a poeira que restou do furacão
E como um mutante, mesmo no escuro,
Grudei, com a minha gosma, o organismo estranho que se alojou em meu interior
E comecei a fazer minha pérola.
Do escuro estou tirando o brilho necessário para ver aquilo que a mim seduz
No escuro, passei a ver a vida de forma mais clara e mais firme
E começo a ficar livre em minha própria concha,
Percebendo pelo tato aquilo que tenho e que é meu de fato,
Percebendo pelo tato, aquele quem sou.
Cansei de ser apenas o meu retrato, a minha fotografia
Cansei de ser ícone das simplórias certezas
E índice de fragilidades e da incerteza do querer.
Tornei-me símbolo de mim mesmo!
Símbolo do mundo abstrato para receptores medianos,
Símbolo oculto para quem só percebe o óbvio como realidade.
Símbolo do acaso para os cartesianos!
Sou pérola com sentidos e semioses abstratas que revelam as concretudes do próprio ser.
Sou pérola que berra, que grita, que sofre, que chora, que busca a contemplação inacabada do amor.
Sou símbolo que reflete no escuro a semiótica interior.
Sou ostra sim!
E na imensidão do oceano, guardo a minha pérola para embelezar meus pensamentos e valorizar a minha essência.

Moabe Breno,
02-03-11.




Nenhum comentário:

Postar um comentário