quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Cacos de tortura



O tempo dá voltas e passos irregulares
Passos que conduzem os caminhos a espaços desconhecidos.
Nada é em vão, mesmos as coisas que se tornam um vão
E se perdem nos caminhos nebulosos
E se tornam fugazes nas voltas do tempo.
Pois o tempo que é sempre um remédio
Traz, por vezes, um efeito colateral.
E o efeito é a dor, quando se volta aos espaços desconhecidos.
E tudo dói no formato de lembrança
De um tempo mal vivido, forçado e sofrido.
E a lembrança nessa hora é a máscara da tortura.
Mas a tortura é também uma forma de cura
É cruz que exorciza e tira mau olhado
É mandinga que retira o desespero do passado.
A dor é um remédio que o tempo traz
Quando se procura por tudo aquilo já morto
E mumificado em um peito desacelerado com a idéia da ressurreição.
Não é doença, nem devaneio
É apenas pensamento insano
Que se quebra na mente tola
Como o vidro que despenca das mãos do desastrado.
Ficam os cacos por toda a memória.
Cacos que o tempo vai lentamente varrendo
Mas sempre ficam cacos de tortura
Escondidos lá no canto, onde distraídos nos cortamos.
E a dor nos leva aos espaços desconhecidos
E nos afunda nos caminhos nebulosos por onde passamos,
Onde sempre chegamos com nossos passos irregulares. 

Moabe Breno,
03-01-09.
 




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