domingo, 10 de outubro de 2010

Ser errante

 Depois de pensar, pensar, pensar...
Resta agora chorar!
Resta nada,
Resta agora outra batida, de limão ou de maracujá
Não importa,
Resta mesmo qualquer motivo para mudar.
Resta uma porrada no passado,
Um tiro no acaso
E uma guerrilha na estupidez de quem não sabe se dar.
Resta uma artilharia inteira
Na guerra contra o passado
E contra a mediocridade do final
Final medíocre é final de babaca
De quem não tem nobreza, nem a presteza do sonhar
Resta apenas um passo à frente do que ficou para traz
Resta o orgulho de ser homem
De ser bom e de ser cruel também
Nada de piedade, piedade é flagelação,
Nada de desespero, desespero é insegurança.
Resta enfiar o dedo no cú do passado
Rasgar até a alma do que ficou
E não deixar que nada mais lhe perturbe
Resta ouvir mais uma vez a voz da desconstrução
E seguir em frente na linha do acaso, traçada pela intuição
Resta um apocalipse na cabeça infernal que insiste em bater contra o tempo
E tenta fundir o pensamento.
Resta então um tapa na pantera
E sorri do que passou
Como uma comédia de baixo escalão, uma zorra total mesmo,  
De quem nunca vai produzir um poema singular,
Somente por que não sabe, nem nunca vai aprender a amar.
Resta queimar e enterrar todo esse lixo
Porque passado mal vivido não se deve reciclar.
Resta mesmo recomeçar,
Sem verdades, de peito aberto, barriga tanquinho,
O corpo sarado com tudo que a alma traz de mais sagrado,
Resta mesmo chutar o pau da barraca
Sem medo de errar, de ser errante,
De ser sincero, de ser pensante...
de ser feliz.
Resta botar pra fuder em cima de tudo
e de qualquer imbecil que tenta lhe fazer sofrer.
Depois de pensar, pensar e pensar,
Resta chorar?
Resta nada,
Resta é viver.

25-05-08 Moabe Breno

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